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Sobre Co-pensar

15 de março de 2021

Em nossos estudos sobre aprender em grupo e sobre coordenar grupos de aprendizagem, conhecemos um neologismo criado por Enrique Pichon-Rivière para denominar aquele que coordena um grupo operativo. Segundo ele, a função de um coordenador é pensar com o grupo; por isso, criou o termo co-pensor*: “[…] que designa o coordenador como aquele que pensa junto com o grupo, ao mesmo tempo que colige e integra os elementos do pensamento grupal”. Ou seja, em um grupo de aprendizagem, fundamentado na operatividade, pensar com o grupo traz ingredientes importantes para o desenvolvimento da autonomia e da autoria grupal.

Sendo assim, a tarefa de um co-pensor é a de cuidar da comunicação que circula no grupo, criando, mantendo e fomentando as interações verbais e não verbais. Visa, ainda, um desenvolvimento espiralado que faz coincidir a didática, a aprendizagem, a comunicação e a operatividade, permitindo uma comunicação ativa e criadora, retirando a figura do coordenador do centro da relação de aprender / ensinar.

A Síntese trabalha com grupos em distintas situações: grupos de aprendizagem para crianças e adolescentes, grupos de estudo, grupos de discussão de caso, grupos de pais e famílias, grupos de leitores, entre outros. Em todos, a ideia é de co-participação e de uma coordenação co-pensante para construir possibilidades de aprendizagens.

Neste ano de 2021, a Síntese criou o Grupo Co-pensar a Psicopedagogia, cujo objetivo principal é o de estudar casos atendidos, descritos em livros e artigos publicados, além de casos trazidos pelo próprio grupo, no âmbito institucional e no espaço da clínica. Além da discussão do caso, em si, a tarefa do grupo é ampliar e aprofundar conhecimentos; por isso, são indicados materiais que podem contribuir para o enriquecimento da aprendizagem do grupo e de cada um de seus integrantes. Textos, filmes, vídeos e tarefas de organização das aprendizagens vão sendo sugeridos ao longo do percurso de oito encontros.

Esse grupo está formado por seis especialistas em Psicopedagogia, com a coordenação de Laura Monte Serrat Barbosa. No exercício de discutir e co-pensar sobre casos de atendimento em Psicopedagogia, estamos descobrindo distintas formas de intervenção no âmbito clínico, com diferentes aportes teóricos, mas com características comuns, tais como: a valorização do saber do atendido e de sua família, a importância da sustentação teórica e a constante necessidade da ética no processo interventivo.  

Assim, a Síntese semeia e colhe conhecimento e saberes.

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* PICHON-RIVIÈRE, E. Processo grupal. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 128.

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